O EU, a psique, é uma estrutura dura, inflexível, imutável. Tal qual um sistema operacional fechado que o “proprietário” não permite ao usuário manipular. A psique supõe um Deu$ externo, o tal “proprietário”, mas é ela o próprio Deu$-DONO, irascível, intratável, déspota, inquestionável, emotivo-temperamental, infantil, etc. Este Deu$ que a psique supõe existir, externamente, se deve ao fato dela ser uma concepção, algo sem autonomia, dependente, limitado a um começo, meio e fim, inferior portanto, que só pode ser obra de algo “supostamente superior”, segundo sua própria escala de valores, externo a ela, já que sendo “SEM PODER” nada pode criar nem a si mesma, onde, ela existe com uma “entidade” separada de todos e de tudo, vendo-se situada num mundo coeso e integrado naturalmente cuja CRIAÇÃO demonstra coerência, consistência, lógica, diferente dela, justificando a si, como só se criada pelo tal Deu$ que imaginou, à sua imagem e semelhança.
A psique é TEMPO. É um conceito parado no tempo que não evolui, não se transforma e nada transforma, feito de memória do passado que se projeta numa ideia de futuro. Esta própria concepção arrasta embutido o necessário conceito de morte, pois se existe tempo, esta história teve um começo, está no meio e caminha para um fim. Necessariamente esta concepção limitada gera impotência e humilhante inferioridade. A psique precisa então de “algo” que a salve de tal condenação intransponível. Como não encontra nada dentro de si, tangível pelos 5 sentidos, supõe que o mundo esteja fora, local onde deve habitar esta tal suposta força criadora e salvadora. A psique não consegue conceber nada interior, porque precisa tocar tudo com os 5 sentidos, ou seja, “materialmente”. Portanto supõe-se um ser externo, ou seja corporal e que seu Deu$ é igualmente corporal e personificado como ela. Como não pode tocar sua ideia de Deu$, a mistifica, encobrindo sua contradição materialista, com uma fantasia supersticiosa semelhante a um conto de fadas. Precisa tanto da ideia que “existe em algum lugar”, segundo seu conceito de matéria, e desta consequente ideia de que foi “criada” por algo igualmente externo, que convence a si própria que é real sua imaginação.
A psique não tem cura, visto que é a própria doença e que é um conceito “formatado” pelo condicionamento a que o homem está sujeito, devido à sua dependência do meio até o amadurecimento orgânico. Pessoas acham que é possível reformatar o “hardware” para recondicionar o “software” psíquico. Isto só gera mais dependência, deformação e sofrimento. É como uma tentativa de distorcer o “tempo” para alterar as condições do “espaço”. O espaço-tempo é uma variável do campo quântico com leis próprias, que nada tem a ver com a psique. A psique na verdade nada tem a ver com nada. O que está por baixo dela é o que interage e tem a ver com tudo, sendo que neste todo nada é separado de nada, não existe “dentro e fora”, contrariamente ao que supõe a psique.
Embora a psique tenha inventado a religião para fugir do medo de sua incompletude, esta criação é essencialmente materialista. Criou na verdade um “Frankenstein”, o deformado materialismo-religiosista, com o que apavora a si mesma ao longo de milênios.
Tal qual o mito Grego de Psique, esta nossa personagem interna ao homem, está no ocaso de sua existência, no final de sua peregrinação de desencantos e tem que terminar de amadurecer, dando lugar ao ser imortal que a anima.
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